11.5.10

Criado índice inflamatório da dieta

Pesquisadores norte-americanos desenvolveram estudo para definir e validar um índice inflamatório que avaliasse o potencial inflamatório da dieta. A análise de diferentes constituintes alimentares sugere que a dieta pode influenciar positiva ou negativamente a produção de fatores inflamatórios no organismo humano.

O propósito da criação de um índice inflamatório é prover uma ferramenta que possa categorizar a dieta de uma pessoa como antiinflamatória ou pró-inflamatória. Dessa maneira, uma dieta já conhecida como sendo antiinflamatória pode proteger contra uma resposta inflamatória exacerbada e ser protetora indireta do desenvolvimento de algumas doenças, como câncer, doenças cardiovasculares e outras doenças crônicas relacionadas com inflamação.

Este potencial inflamatório foi analisado por meio da proteína C-reativa (PCR), que é um conhecido marcador inflamatório. Esta proteína é produzida em resposta a estimulação de interleucinas (IL), que são produzidas por células hematopoiéticas (que formam o sangue). Portanto, a partir de revisão de estudos científicos originais a dieta foi avaliada sobre os seis principais marcadores inflamatórios: IL-1beta, IL-4, IL-6, IL-10, TNF-alfa e PCR.

Foi criada uma pontuação para diversos compostos alimentares e alguns alimentos, dependendo de seu potencial inflamatório. A pontuação de -1 foi dada aqueles alimentos ou nutrientes com efeitos pró-inflamatórios (ou seja, que aumentaram significativamente a IL-1beta, IL-6, TNF-alfa e PCR, ou diminuíram a IL-4 ou IL-10); +1 para os alimentos cujos efeitos foram antiinflamatórios (quando diminuíram significativamente a IL-1beta, IL-6, TNF-alfa e PCR, ou aumentaram IL-4 ou IL-10); e 0 para as variáveis dietéticas que não produziram mudanças nos marcadores inflamatórios.

Segundo o índice inflamatório, os compostos alimentares com características pró-inflamatórias (ou seja, aqueles que adquiriram pontuação mais próxima de -1) foram, em ordem decrescente: carboidratos (-0,346); lipídios (-0,323); gordura saturada (-0,25); colesterol (-0,21); vitamina B12 (-0,09); ácidos graxos monoinsaturados (-0,05) e ácidos graxos ômega-6 (-0,016).

Já os compostos alimentares antiinflamatórios (com pontuação mais próxima de +1) foram, em ordem decrescente: magnésio (0,905); açafrão-da-índia (0,774); beta-caroteno (0,725); genisteína (uma isoflavona, 0,68); vitamina A (0,58); chás (0,552); fibras alimentares (0,52); vinhos (0,48); quercetina (tipo de flavonóide, 0,49); luteolina (tipo de flavonóide, 0,43); vitamina E (0,401); ácidos graxos ômega-3 (0,384); vitamina C (0,367); vitamina D (0,342); zinco (0,316), vitamina B6 (0,286); alho (0,27); niacina (0,26); ácido fólico (0,214); cerveja (0,2); gengibre (0,18); daidzeína (uma isoflavona, 0,17); cianidina (pigmentos vermelhos de vegetais, 0,13); epicatequina (0,12); cafeína (0,035); riboflavina (0,16); bebidas alcoólicas (0,1); proteínas e tiamina (0,05); ferro (0,029) e selênio (0,021).

A análise dos estudos científicos comprovou que há uma associação inversa entre o índice inflamatório e a PCR, onde o aumento da pontuação sugere diminuição de fatores inflamatórios. Estes resultados indicam que uma dieta antiinflamatória pode proteger contra uma resposta inflamatória exacerbada, caracterizada por níveis elevados de PCR.

A amostra total foi de 494 homens e mulheres, com idade média de 48 anos. Os homens apresentaram consumo alimentar maior (e consequente maior ingestão energética) em comparação com as mulheres para a maioria dos nutrientes, o que também foi indicado como um fator pró-inflamatório. Não houve diferença entre os gêneros quanto à utilização de suplementos fitoterápicos e poucos indivíduos consumiam suplementos de óleo de peixe (1,1% dos homens e 0,4% das mulheres).

A idade e o índice de massa corporal foram positivamente associados com os níveis de PCR. Os indivíduos sobrepeso e obesos apresentavam níveis de PCR significativamente maiores, em comparação com os eutróficos. Níveis de HDL (lipoproteína de alta densidade) foram inversamente associados com a PCR.

Segundo os autores, este estudo possui algumas limitações, pois "embora o índice inflamatório tenha o objetivo de avaliar a dieta como um todo, ele foi criado a partir de artigos que examinaram os efeitos de alguns nutrientes em particular. Este foi um dos motivos pelo quais tivemos dados sobre o potencial inflamatório da gordura trans. Outra limitação foi de que 90% da amostra total era composta de indivíduos brancos, e é comprovado na literatura científica que indivíduos de raças diferentes apresentam níveis diferentes de PCR", concluem.

Referência

Cavicchia PP, Steck SE, Hurley TG, Hussey JR, Ma Y, Ockene IS, et al. A new dietary inflammatory index predicts interval chances in serum high-sensitivity c-reative protein. J Nutr. 2009;139:2365-72.

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