26.3.09

Reduzir carne vermelha diminui mortalidade, indica pesquisa

Estudo divulgado aponta relação entre o consumo de carne vermelha e carnes processadas e maior número de mortes por câncer e problemas cardiovasculares. A pesquisa, uma das maiores já realizadas, analisou dados de 500 mil norte-americanos de 50 a 71 anos de idade.

Em dez anos de acompanhamento, morreram 47.976 homens e 23.276 mulheres. Para os pesquisadores, 11% das mortes em homens e 16% das mortes em mulheres poderiam ser adiadas se houvesse redução do consumo de carne vermelha para 9 g do produto a cada 1.000 calorias ingeridas -o grupo que mais ingeriu carne vermelha (68 g a cada 1.000 calorias) foi o que apresentou maior incidência de morte.

No caso das doenças cardiovasculares, a diminuição dos riscos chegaria a 21% nas mulheres se houvesse redução. "A carne processada tem mais sal e gordura saturada, o que aumenta chances de doenças cardiovasculares", diz Daniel Magnoni, nutrólogo e cardiologista do Hospital do Coração.

Para o cardiologista Marcos Knobel, coordenador da unidade coronária do hospital Albert Einstein, além da gordura da carne, o problema é o preparo e os outros alimentos que são somados à refeição. "Se a pessoa come um bife à milanesa ou um bife com ovo frito, já estourou de longe a cota de colesterol."

Além disso, ele alerta para os condimentos. "O sal aumenta o risco de hipertensão arterial sistêmica. Se a carne for processada, é pior porque, além do sódio, geralmente tem óleos para a conservação."

Os riscos de câncer estão principalmente relacionados à forma de preparação de qualquer tipo de carne. Sabe-se que, durante o cozimento em altas temperaturas, são formadas aminas heterocíclicas, substâncias reconhecidamente cancerígenas. As maiores temperaturas são atingidas ao grelhar na chapa e fritar com pouco óleo o alimento. Por esse motivo, indica-se a preparação no forno ou em um cozido.

O churrasco também traz perigo. Durante a preparação, a fumaça do carvão libera alcatrão e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, substâncias também cancerígenas. "A associação é feita principalmente com as carnes vermelhas, porque elas são preparadas mais frequentemente em churrasco ou na chapa", afirma Fábio Gomes, nutricionista do Inca (Instituto Nacional de Câncer).

Segundo o cirurgião oncológico Benedito Mauro Rossi, do Hospital A.C. Camargo, a relação entre consumo de carne e câncer está muito estabelecida, inclusive no Brasil. A distribuição geográfica do câncer do intestino, por exemplo, mostra que no Amapá, a incidência do tumor é de 1,51 caso por 100 mil habitantes, enquanto no Rio Grande do Sul, a terra do churrasco, a incidência é de 28,5 por 100 mil habitantes.

Outro mecanismo desencadeante de câncer seria o excesso de ferro no organismo, ocasionado pelo alto consumo de carne vermelha, importante fonte do mineral. Muito ferro pode causar danos oxidativos e agredir as células do intestino grosso, o que leva ao câncer.

Já as carnes processadas, como linguiças, charque e hambúrgueres, são conservadas com nitritos e nitratos, substâncias, que, no estômago, são transformadas em nitrosaminas, que aumentam as chances de ocorrer um câncer no estômago e no intestino. A recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) é de que a ingestão de carne (excluindo frango e peixe) não ultrapasse os 300 g por semana.

Como a carne vermelha é boa fonte de ferro, é indicado aumentar o consumo de vegetais folhosos verde-escuros, também ricos no mineral.


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23.3.09

Iogurte antiúlcera

Um novo tipo de iogurte que combate a bactéria causadora de gastrite e úlcera estomacal foi um dos destaques entre as apresentações realizadas neste domingo (22/3) no 237º Encontro Nacional da Sociedade Química dos Estados Unidos, em Salt Lake City.

Segundo os autores da pesquisa, feita no Japão, os efeitos são similares aos de vacinas. Os estudos clínicos foram feitos com 42 voluntários que testaram positivamente para a presença da Helicobacter pylori. A bactéria, ao lado do uso excessivo de drogas antiinflamatórias, responde pela maior parte dos casos de úlcera no estômago.

Estudos recentes também associaram a H. pylori com desnutrição, deficiência de crescimento e outros problemas de saúde. Por tudo isso, cientistas têm tentado encontrar maneiras eficientes e mais econômicas de lidar com a bactéria. Úlceras causadas pela H. pylori podem ser tratadas eficazmente por meio de antibióticos e antiácidos, mas tal tratamento não está facilmente disponível para os países mais pobres.

No novo estudo, Hajime Hatta, professor de Alimentos e Nutrição da Universidade Feminina de Kyoto, e colegas observaram que a bactéria usa a proteína urease para atingir a parede estomacal. Os cientistas partiram para uma abordagem clássica de produção de vacinas, injetando urease em galinhas de modo que o sistema imunológico das aves produzisse anticorpo para a proteína.

O anticorpo, denominado IgY-urease, foi isolado pelos pesquisadores a partir dos ovos postos pelas galinhas. Em seguida, os voluntários foram divididos em dois grupos: o primeiro consumiu dois copos por dia, durante quatro semanas, de iogurte contendo o anticorpo; o segundo ingeriu a mesma quantidade pelo mesmo tempo, mas de iogurte sem o anticorpo.

Segundo os autores do estudo, os níveis de ureia – cuja hidrólise é catalisada pela urease – diminuíram significativamente no grupo que ingeriu iogurte com IgY-urease, em comparação com o grupo controle, indicando a redução da atividade bacteriana.

“Os resultados indicam que a supressão de infecção por H. pylori em humanos pode ser alcançada pelo consumo de iogurte fortificado com o anticorpo para a urease”, afirmou Hatta.

De acordo com o pesquisador, embora o iogurte tenha se mostrado menos eficiente do que os antibióticos para reduzir os níveis da bactéria no estômago, seu consumo é mais fácil e ele pode ser ingerido como parte de uma dieta regular.

Hatta explica que o anticorpo não afeta o gosto do produto. Mas o cientista destaca que seu consumo não é irrestrito, devendo ser evitado por pessoas alérgicas a leite ou ovos.

Os cientistas fizeram a transferência da tecnologia para uma empresa japonesa, que começou a vender o iogurte no país e na Coreia do Sul. O trabalho apresentado foi Prophylactic effect of an anti-Helicobacter pylori IgY in human volunteer test.

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20.3.09

Gordura atrai gordura

Quem aprecia uma picanha malpassada e principalmente a camada branca de gordura que a envolve talvez se inquiete. Um tipo de gordura – os ácidos graxos saturados de cadeia longa, encontrados principalmente em carnes vermelhas – pode ser uma das causas da obesidade.

De acordo com experimentos realizados em camundongos, essas moléculas acionam uma inflamação no hipotálamo, na base do cérebro, que leva à destruição dos neurônios que controlam o apetite e a queima de calorias.

Em estudos anteriores já haviam mostrado que a obesidade era uma doença que começava no cérebro ou nos músculos, induzida por dietas com excesso de açúcares ou de gorduras. Esse excesso gerava resistência ao hormônio insulina, que carrega a glicose para as células, onde é transformada em energia, e induz ao consumo contínuo de alimentos.

Testes com animais já haviam mostrado que dietas ricas em gordura em geral danificavam o hipotálamo mais intensamente que as ricas em açúcares. Para ver qual tipo de gordura era mais danoso, os pesquisadores da Unicamp injetaram diferentes tipos de ácidos graxos de origem animal ou vegetal no hipotálamo de camundongos.

Os encontrados no óleo de soja mostraram um efeito tênue sobre o cérebro, enquanto os encontrados em gorduras animais e em proporção menor no óleo de amendoim apresentaram ação mais danosa.

Otimistas vivem mais

Pesquisadores que acompanham mais de 100.000 mulheres com mais de 50 anos desde 1994 avaliaram que aquelas que esperam boas coisas ao invés de coisas más acontecerem - foram 14% menos probabilidades de morrer de qualquer causa do que pessimistas e 30% menos probabilidades de morrer de doença cardíaca após oito anos de estudo. As otimistas também foram menos propensas a ter pressão arterial elevada, diabetes ou fumar cigarros.

A equipa, liderada Dr. Hilary Tindle, também estudou mulheres muito desconfiadas de outras pessoas e inseguras comprovando que essas mulheres tinham 16% mais probabilidades de morrer (durante o período de estudo) comparado a mulheres seguras de si. Tinham também 23% mais probabilidades de morrer de câncer. Tindle disse que o estudo não prova que atitudes negativas causar efeitos negativos da saúde, mas ela disse que os achados parecem estar ligadas de alguma forma.

Então, pensamento positivo!